Eu como um garoto bom, vivia na concentração
Prevendo um amor com cheiro de novela mexicana.
Esperava a vida inteira lendo livros românticos,
Pois amor fácil e rápido tem caráter sacana.
Um garoto muito pacato, com calma, sem trauma, nem grilo.
Gostava de ouvir a voz da experiência, peralta, mas tranqüilo.
Ouvia as lições de vida que meu avô dizia, com cara de mistério,
Ele falava que com amor não se brinca; aquilo era sério.
Porém, como a adolescência é muito afobada,
Não espera nada, com uma pressa danada,
O truco nem a cerveja nessa hora funciona.
Então eu confesso, predominou a testosterona.
Passos e passos na noite, um esforço de iogue.
Nenhuma carona, nem mobilete, nem jogue,
E finalmente, muito de repente, o inferninho apareceu.
Um corpo de égua com mão de vaca me cedeu.
Nem promessa, nem Lero-Lero, nem Fanta adiantaram.
Meus joelhos esfolaram, as cordas vocais não agüentaram.
Era escuro, eu não via ninguém, porque não havia sol.
Mas vi na minha frente, arrumado e cheiroso um lençol.
Então, todo aquele grande sonho lindo acabou.
A minha princesa agora era chata, sem paciência.
Tinha experiência, mas não tinha a crença
De que aquilo tudo era um sentimental iô-iô.
O io-iô se levanta, sobe e nunca desiste.
O brinquedo dava a volta ao mundo, mas não cuspia
E a égua com mão de vaca reclamava triste
Até que eu me ofendi, e o prazer virou agonia.
Hoje vi que a emoção não está no lençol arrumado
O meu jeito agora é revoltado, sem dinheiro e grilado.
Espero que alguém ame de verdade meu io-iô.
Acho que tenho de escutar mais o meu avô.
Fábio Coelho (05.01.08)
Prevendo um amor com cheiro de novela mexicana.
Esperava a vida inteira lendo livros românticos,
Pois amor fácil e rápido tem caráter sacana.
Um garoto muito pacato, com calma, sem trauma, nem grilo.
Gostava de ouvir a voz da experiência, peralta, mas tranqüilo.
Ouvia as lições de vida que meu avô dizia, com cara de mistério,
Ele falava que com amor não se brinca; aquilo era sério.
Porém, como a adolescência é muito afobada,
Não espera nada, com uma pressa danada,
O truco nem a cerveja nessa hora funciona.
Então eu confesso, predominou a testosterona.
Passos e passos na noite, um esforço de iogue.
Nenhuma carona, nem mobilete, nem jogue,
E finalmente, muito de repente, o inferninho apareceu.
Um corpo de égua com mão de vaca me cedeu.
Nem promessa, nem Lero-Lero, nem Fanta adiantaram.
Meus joelhos esfolaram, as cordas vocais não agüentaram.
Era escuro, eu não via ninguém, porque não havia sol.
Mas vi na minha frente, arrumado e cheiroso um lençol.
Então, todo aquele grande sonho lindo acabou.
A minha princesa agora era chata, sem paciência.
Tinha experiência, mas não tinha a crença
De que aquilo tudo era um sentimental iô-iô.
O io-iô se levanta, sobe e nunca desiste.
O brinquedo dava a volta ao mundo, mas não cuspia
E a égua com mão de vaca reclamava triste
Até que eu me ofendi, e o prazer virou agonia.
Hoje vi que a emoção não está no lençol arrumado
O meu jeito agora é revoltado, sem dinheiro e grilado.
Espero que alguém ame de verdade meu io-iô.
Acho que tenho de escutar mais o meu avô.
Fábio Coelho (05.01.08)
Um comentário:
nooossaaaaaaa, que massa! adorei, adorei! ficou cômico, irônico e ao mesmo tempo um pouco melancólico! ficou muito sarcástico mesmo, é raro conseguir fazer isso!
e a multinterpretação do io-iô, hduehde...
são textos assim que eu tenho a certeza q vc é hiper talentoso!
tem escrito muito melhor ultimamente.. as coisas estão mais intensas e profundas, parecem que tem mais vida, mais realidade e emoção, sei lá, mais sentido. São coisas de caráter totalmente individual, mas que reflete o universal..
parabéns grande jor!
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