sábado, 4 de abril de 2009

Perdão Absoluto


O quê? Mentira... Quanta ingenuidade! Não consegues perdoar? Pois bem, cabeça-dura, ouça-me com calma. Nem venha te compadecer com tal adjetivo por mim dado a ti agora. Ou pensas que eu também não sei que ser cabeça-dura é o melhor modo de se proteger de mais um alheio vacilo e medo de sofrer um outro sem ao menos ver? É isso aí, grande amigo. Ninguém gosta de sofrer duas vezes, pois a imunização diz basta à lágrima repetitiva. Mas vamos transportar o contexto de perdoar para um lugar onde a mágoa não traria lucro algum ao revoltado. Agora já iniciamos o ponto de partida necessário à conclusão, respire fundo e se não chegar a ti o que eu tenho para te falar, é normal: o tempo cuidará disso. Se não consegues perdoar, estás errado, pois quando imaginas tua presença em riso ou excesso de silêncio com presença da criatura amada, já perdoaste. Não adianta, a imaginação não é controlada por ti, é instinto que ultrapassa razão. Tu nunca quis imaginar; imaginas e já foi imaginado. Não há borracha que apague. Sendo tudo muito assim, não te preocupes na pobreza de não perdoar, a sua vontade é aleatória, e o perdão em conseqüência, automático. Aí tudo se limpou: a cicatriz virou conclusão de que nada do que querias acontecerá se não tiveres dó de quem erra, posto que piedade é garantia total daquilo a que alguns designam paz.

Fábio Campos Coelho (04.04.09)
-05:14 da madrugada-

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A carona é vinte reais


Largando a cidade do pequi e da mulher bonita
Para morar em Brasília, que maravilha
Quanta árvore, quanta menina
Só não tem esquina
Mas as comercias
Em quadra sim, quadra não
Substitui tudo o que aqui não existe
E ainda tem gente que insiste
Em falar mal da Capital Federal.

Mas quando eu levar toda essa gente
Pra subir na torre e ver lá do alto
O palácio do Planalto, a linda Catedral
A ponte JK e o eixo monumental
Rodoviária, UnB Asa Sul, Asa Norte
Vão gritar: é desperdício não vir aqui
Antes da morte.

Acontece então que os goianos tem sempre
Grandes pensamentos, passam no vestibular
E moram nas quatrocentos morar em república
Porque passaram em universidade pública,
Que bom exemplo, bom exemplo.


Arranjei apartamento bem limpinho
Cada um com seu quartinho
Conforto assim não tem igual.

Mas as paredes do meu quarto tão brancas
Não queriam ser tão santas
Me dando tom de tão normal.

E me pediram para enchê-las de alegria
Com frases, trechos de poesia
Pois já estavam passando mal.


Aceitei então o seu pedido
Como se eu tivesse mentido
Para todo mundo que o mais bonito
Sempre está dentro do padrão.

Frase de Platão, Baudelaire
Do florindo Braga Coelho,
Clarice Lispector, Sócrates
Carlos Drummond por toda parte.

A liberdade de Sartre, Gilberto Gil
O pessimismo de Nietzsche.
E quando menos percebi,
Frase também de Rita Lee
Já tinha se transformado em arte.

Freud e a psicologia, Nelson Rodrigues
Falando de putaria, Newton, Arnaldo Jabor
Horácio, Guimarães Rosa, Buda
E Chico Buarque falando de amor.
Frase minha, que nunca tinha pensado antes.
Goethe, Charlis Chaplin Chico Xavier e os Mutantes.
Belchior, Jorge Bem Jor, Novos baianos, bom demais.
O Rappa, Mário Quintana, Rousseau, Vinícius de Moraes.

Frase de amigo meu, de mãe, de pai, de vô.
Frase que eu tinha escrito em algum papel.
Elvis Presley, Goethe, Demócrito, Kant
Saramago, Luna Jeannie, Voltaire, Maquiavel.

Salvador Dali, Shakespeare, Bob Dylan,
Zé Ramalho, Janis Joplin, Vô Teco, muito Bonito.
Com tanta cultura assim, Miguel de Cervantes,
Aristótles, Rimbaud, Renato Russo
Só não podia faltar o Raulzito. E não faltou!

Jim morison, Caetano, Bob Dylan, Cecília Meireles,
Lulu Santos, Mariane Negrão, Broa, Tovarzinho,
Adriano Alves, Velho Tasso, gente de toda a idade.
Allan Poe, Pascal, Alex Canuto, Polly de Brito,
Ricardo Araújo, Santos Dummont,
Cazuza, Einstein e sua genialidade.

Não tem lugar, não tem lacuna,
Para colocar mais uma letra, muita mutreta
Vou passar mal.

Mas olhei pra cima, abri sorriso
Dei uma de esperto, afinal o teto
Também é parede em horizontal.


Fábio Binho (02.04.09)