domingo, 17 de agosto de 2008

Esfria a cabeça


Volto da escola insatisfeito,
Porque não sou perfeito.
Mas não ser perfeito
Nunca foi defeito.

Nem a princesa, nem o prefeito
São tão bem feitos.
Eles são como eu.

Mas será que até Galileu
Com tanta inteligência
Já teve a burra negligência
De ter medo do amor?

Um dia me disseram
Que aquele grande Nazista
Antes de se tornar artista.

Já teve medo de fantasma
Quando criança e teve asma
De tanto soluçar.

E o parente que tem moral
É sempre o dono das verdades
No churrasco fala das qualidades.

Mas esse parente tão sem erro
Não fala das manias e dos tiques
Dos escândalos e chiliques

Porque apanhava de menino
mais novo no colégio.
Mas ele nunca contou isso
Porque nunca foi privilégio.


E nessa verdade meio oculta
Vi que todo mundo um dia surta
Sendo o mal amado ou a querida.

Toda pessoa, criança ou adulta
Podendo não receber multa
Peca com a mesma medida.

Ninguém é escravo da tristeza
E a nossa natureza
É descobrir um pouco mais.

Se você é um pouco santo
Não fique muito no seu canto
Renda à sua vontade sincera
De fazer o que não se espera
Que não esquecerá jamais.

Escuta meu amigo
Esfria a cabeça
E se puder não esqueça

Que o delegado, a professora,
O faxineiro, escritora,

O doutor, o eletricista,
O médico, o jornalista,

O compadre, a comadre,
O pastor, o bispo, o padre.

Todos são iguais.
Todos são iguais.


Fábio Coelho (13.03.08)

Um comentário:

Lívia de Araújo disse...

Adoro ;*

Tô falando que na minha sala só tem poeta!