sábado, 27 de fevereiro de 2010

O péssimo conselho


Moço afoito, desesperado, apressado
para que tudo de lindo aconteça,
não queira ver o ato se consumar,
o melhor mesmo é deixar pra lá
e esfriar sua cabeça.

Você tá muito caladão, talvez com depressão,
esquece logo essa novela,
vai tomar um ar um pouco
senão uma hora fica louco,
para de pensar em você e nela.

E se nada for fantástico, amor de plástico
e o encontro não for o esperado?
Frustração é produto de ensiedade,
a imaginação é à vontade
e pensar em tudo é liberado.

Nenhum projeto dá tão certo, fica esperto.
Nada acontece igual como se pensa,
o pensamento não tem limite,
ninguém entra em você e dá palpite.
Ficar só sonhando é que compensa.

Mas se você não ama, não suga, tartaruga,
não arrisca e sempre se cala,
tem a oportunidade perdida
de ser feliz com a mulher da sua vida,
o tolo mesmo é quem agora lhe fala.

Fábio Binho (27.02.10)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O jovem e o Velho


Há pouco tempo eu ficava pensando
por que os velhos não fazem como faziam antes,
de modo hábil, meio rebelde, maluco, doidão
espontaneidade semelhante ao dos mutantes.

Mas depois de ter passado um bom tempo
a gente vê que só aprende com o giro do ponteiro:
Então para que exigir do velho calmo, sereno
o que se exige do jovem descolado e maneiro?

O jovem vê o velho deitado na rede e pensa:
será que compensa viver parado, disposição em cadeado,
feliz mesmo é a gente!

O velho, deitado na rede, vê o que o jovem faz
Olha pra trás, compreende tudo, o menino taludo
e dá um riso reticente.

Mas se o velho continuasse na juventude
o jovem não poderia mais falar mude.
Estranho, que o velho seria jovem de novo
e o jovem, que é novo, desapontaria seu povo.

Fábio Campos Coelho (20.02.10)