sexta-feira, 13 de agosto de 2010

As benditas Injeções

Nessa vida, existem muitas fases distintas que se complementam em harmonia madura e sofrida. Mas o sofrimento é fundamental, amigo. Por favor, não pense que há madureza sem dor: as duas são quadro e giz, elementos necessários um do outro.
Você pode ficar sabendo que aquele sujeito que conhece bem o amor, a profissão, a família e o que quer que seja, já levou muita pancada da vida. Se não tivesse ocorrido o choque que desperta, esse sujeito seria o mesmo de antes e sempre, cheio por fora, mas vazio por dentro, estagnado, privado do reconhecimento de seus erros, fracassos, achando que já viveu tudo, porém, mais frágil que o recém-nascido sem a mamãe.
Pois bem! Nessa vida, existem dois tipos de amigo: aquele que se cala e impede, assim, o crescimento do próximo, deixando-o vulgar, na massa dos comuns imunizados da valiosa evolução; e aquele que põe o parceiro na crua e fascinante realidade, mesmo sendo ardida, proporcionando-lhe a nua verdade de que ele ainda é fruta verde -- coisa totalmente normal -- mas que um dia vai ter que se separar da árvore protetora, da mamãe natuireza, para afinal viver na terra e senti-la como realmente é.
A segunda pessoa é o seu verdadeiro amigo, pois aplica a injeção que dói, mas que depois faz bem ao organismo em defasagem. Ao entrar a agulha, o amigo retira o "forte" menino da ilusão de ser forte o suficiente ao ponto de não precisar mais ser melhor. A injeção possui a função essencial de reverter a circunstância da imunização: agora quem não atinge o rapaz é o orgulho, a tola certeza de que nunca falta nada a fazer. É essa pessoa que oferece proveito à vida do aprendiz, essa é a pessoa que o renova, afinal, será através dela que aprendemos a aprender.