quinta-feira, 29 de abril de 2010

Prazer Genérico




É extasiante a rapidez do ato de animar-se de modo licencioso,
prevendo e projetando o ato que exala satisfação com esbanjamento,
o ato misteriosamente preferível por todos,
feito com brutalidade meiga, dedicação
e responsabilidade única de transferir prazer ao outro.
Um ato do qual toda existência humana depende,
um ato que ultrapassa a essência de reprodução para ser necessário.

É magnífica a rapidez da ação de tirar a roupa íntima,
sem hesitar nada, em nenhuma outra coisa ou conseqüência
apressando-se para sentir o aperto dolorido
seco no início e úmido posteriormente
que depois deixa de ser aperto e torna-se apenas atrito,
tração constante e capciosa, tendo a ciência de sê-la.

É incrível a rapidez da mesma tração,
que, quanto mais célere, mais compensadora,
atrevendo-se o varão a conhecer o limite de sua própria celeridade
e fascinando-se com o bojo desde então desconhecido,
até pressentir a falta de pujança do instrumento funcional pertencente a si,
jorrando assim a semente de existir, a metade do que seria um indivíduo.
Brama, assim, como nunca bramou, o homem,
confortado por saber que cumpre sua função viril.

É arrebatadora a lentidão como se abraçam os dois rabichos,
vertidos os dois de suor, líquido que denota exercício, movimento,
o símbolo da não paralisia da vida,
o sinal de que não se tolhe por ter sempre
a disponibilidade da prática que suscita o júbilo
e dizima o rancor e o ressaibo,
fazendo ficar apenas a gratidão pela dedicação
de um tornar o outro vivo e vice-versa.

É fascinante a lentidão como o sabonete passa
pelos membros da querida, com suavidade e querência
sentindo-se a água fria e despertadora
cair sobre as cabeças exaustas, aliviadas
e vagas, de tanta exaustão.

É linda a lentidão de agarrar-se ao outro,
com cola de consideração e afeto,
cruzando-se não só os braços, mas as pernas,
como prova, na consciência latente, de que a parceria
existe em todos os sentidos, diagonalmente,
com sentido categórico.

É encantadora a lentidão como as duas cabeças descansam,
sabendo que vão cansar da mesma maneira,
para novamente descansar e dormir em
paz e amor.

Fábio Campos Coelho, meu amor (29.04.2010)