domingo, 6 de julho de 2008

Passa-Tempo


Entre os dedos havia cabelo. O mistério agora escondido se deve à vergonha de se mostrar, que se for exposta alguém percebe. Alguém pergunta por que não se deixa falar de tudo. O outro, do outro lado da calçada, separada pela rua da diferença de personalidades, coçada a cabeça, pensava... Demorava pra responder, mas depois, de forma muito simples, dizia que era direito seu. Ta certo, é isso aí. Eu, o escritor, e o mesmo cara que demorou a responder o outro são as mesmas pessoas. Mas esses três são de mesma personalidade, ou será que não? Lógico que sim, são sim! O jeito de pensar é diretamente proporcional à ocorrência dos fatos. Já pensou quanta coisa já aconteceu na sua vida? Se algumas dessas coisas não tivessem ocorrido, as conclusões seriam diferentes. O caminho do seu destino, você e sua criatura amada: tudo seria diferente. Mas não viemos falar disso. Aqui, no papel, isso não faz muita importância. E como o que acontece no papel tem importância para o escritor, o mais relevante é isso: Causar a euforia de tentar saber o que está por trás das letras. Volta-se lá no primeiro parágrafo para tirar alguma interpretação. Mas não; só quem escreve sabe o que escreve.
Mas para tudo isso há uma explicação: O escritor sempre esteve tentando provocar no leitor a vontade de descobrir o mistério, porque a caneta também não consegue descobri-lo. Mas se a graça do mistério é sua própria existência, deixa pra lá. Tudo é passa-tempo, como a vida.


Fábio Coelho
(01.07.08)

Um comentário:

luna disse...

complexo, altos fluxos de consciência.. :)