segunda-feira, 23 de junho de 2008

SIlêncio


O silêncio se manifesta sem falar. Há manifestação mais simples?
É prova de muita tranquilidade e a já descoberta de que ter culpa não é ser culpado.
Embora o barulho de toda festa seja impulso para a vida, o barulho do silêncio é mais profundo, e quando se fala em profundidade, aquilo que não pode ser esquecido é o lugar aonde um pensamento consegue ir.
O silêncio dá liberdade de se ser triste, pois com a ausência de rumor, a principal diversão
é inventar algum problema, mesmo sendo esse inexistente.
Os ruídos dos carros são bons para quem tem ouvido lembrar que a vida ainda existe,
mas não é tão bom quanto o barulho do silêncio, posto que o silêncio não tem barulho e o barulho dos veículos não oferece a viagem para fora do cotidiano, sem a balança de certo ou errado,
sem a razão do que é ser ético para sempre ficar dentro do grupo dos homens normais, cujas ações são esperadas através do constante costume de fazer tudo igual.
O silêncio, portanto, é uma salvação para o esclarecimento da realidade, que só é enxergada
no escuro e que às vezes, ao colocar a culpa no seu pecador, se disfarça de justiça, tantando
ocultar o segredo de que não passa de simples vocábulo.


Fábio Coelho (23.06.08)

Um comentário:

luna disse...

"é inventar algum problema, mesmo sendo esse inexistente."
que profundooooooo!
adorei, adorei!
é bom mesmo refletir sobre o silêncio, meu pior inimigo.
Ele nos trás, quem sabe, alguma coisa..
;)