Agora não importa nada! A concentração é o núcleo de tal tema abordado. Não importa sentimento, épocas, nem mesmo o livro que eu leio que é pra me dar sono. É alguém legal, uma mulher simpática ou um cara gente boa, alguém cuja relação comigo é totalmente estável e talvez seja por isso que acontece isso, para não acabar a educação e a sensação de reciprocidade querida. Quando a pessoa começa a falar eu paraliso; paraliso em um dos olhos e depois os meus, juntos, vão entrando somente nesse único olho, entrando tanto que eu perco a concentração do que a pessoa está me dizendo. A concentração da conversa é totalmente substituída por essa, que me parece ser agonizante, como duas aulas seguidas de física que parecem nunca acabar. Então, cansado de olhar no centro do centro da retina do primeiro olho, eu passo pro outro, até chegar o limite da concentração que suplantou a primeira, e eu variar de olho pra olho, como se fosse um corpo com aceleração infinita grande, batendo sem parar em duas paredes paralelas separadas por um espaço muito pequeno. Aí de repente a pessoa pergunta: “Não é mais ou menos assim?”, então eu digo: “O quê? É, é mais ou menos, eu acho”.
Fábio Campos Coelho
23/11/07
Fábio Campos Coelho
23/11/07
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