sábado, 8 de março de 2008

Qualquer figura geométrica


Olha, minha família, olhe meu grande amigo.
Minha vida acaba aqui, eu já estou indo.
A vida é uma só e agora não existe mais.
Eu fui feliz demais, mas o conforto não valeu a pena

Olha, minha gente,
Eu presenciei muitos sorrisos,
Já fiz brigas e amores infinitos.
Agora o que me visita é aquele fim.

Eu fico vendo aqui
Tudo que sobrou pra mim,
Meu colar, minha carteira, uma foto sua
E as minhas lembranças.

Mas agora não dá mais amor, esse tal de
oxigênio já me gastou demais.
Me sinto só, um nada, um bocó
Que só bebeu de madrugada.
Será que isso compensou?

Músicas conheço todas, mulheres também.
E tinha hora em que a felicidade era tanta
Que achava que aquilo não era realidade,
Mas é sim, e eu estou diante dela.

Envergonhado, decepcionado, lamentado, superado
E calado por não ter falado o que deveria ter falado.
Agora me escute, vamos conversar, meu filho.
Qual é sua origem? De onde veio?
Será que tudo isso é verdade?

Quem sabe? Isso você só verá depois do sono profundo.
Mas se o mundo é tão mal, por que razão basta
Eu existir pra sentir isso tudo?
Que pesadelo que eu tive, que sonho professor.

Bom dia.

Um comentário:

luna disse...

hmm, esta poesia foi do tipo 'fuga do esperado' ou então 'mudança da rotina'. Sabia que todo escritor tem sua identidade poética? Ele costuma escrever as coisas que se unerem-as, todas formam um grande elo, um grande bolo de palavras e estruturas que se conectam, enfim, o escritor tem seu estilo. Nessa poesia aqui, você fugiu do seu estilo otimista, irônico e humorista para uma pausa profunda, um pensamento tão fundo que afunda e deprime. Eu achei ótimo, muito massa, apesar da tristeza expressada, ficou lindo. Eu tenho mania de ser pessimista, agora entendo porque quando me leêm dizem que é bonito, mas é triste, uhdsauhda..
adorei essa, foi bem diferente! :)
bzú