segunda-feira, 10 de março de 2008

Nada a vê


Nada a vê

Dormir à tarde é uma delícia
Mas depois de acordar e saber
Que não escrevi sobre o tombo do picolezeiro
E do olhar daquela menina eu fico triste.
Eu vou chorar.

O tempo e a vasilha suja e vazia
Todo dia me dizem que tudo
Pode ser repetido no papel e assim
Uma vida inteira vai mudar.

Uma menina inteligente viu um
Menino de rua num sol quente
Entregando panfleto com sofrimento.
E em um momento a menina
Resolveu fazer um teatro desse evento.

Adivinha o que virou?
Um poeta assistiu e apaixonou.

A vida sem graça vira engraçada
Quando a gente lava a vasilha
Com olhos de ver sorte.
Lava forte, lava forte,
com sabão ou detergente.

E quando você vê a empregada,
Quase uma indigente,
Acha que aquilo não é gente.
Mas quem lava a vasilha
É quem é inteligente.


Fábio Coelho (fevereiro de 2007)

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