quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

para Machado de Assis


Eu sinto os cabelos de dentro do couro cabeludo. A visão, daqui, é insuficiente para vê-los, mas a experiência e até os livros que eu leio, como se fossem tato, me avisam: “Você está se estabilizando!”. Aí a afobação e os tiques de dedos para provar vitória são extirpados, mas daqui a pouco voltam. Por que será? Perguntar por que razão é uma coisa boba; não queira saber tudo, não compensa. Ser discreto é uma coisa, sacanear se calando é outra, e mais bobo ainda é quem se concentra na derrota do outro em usar o silêncio como vitória mal acabada, uma vez que a conquista exige atos que gerem emoção, muita emoção. Muitas vezes o jogo não foi injusto, porém, se o que vale é o prêmio e a medalha, ser cruel lucra mais. Difícil é ser feliz usando somente a bondade, o riso cordial e a gentileza. Para reter paixão e desejo do outro se deve, quase sempre, ser estúpido, senão o valor, mesmo existindo, se perde aos olhos do outro. O problema é que no jogo da vida não existe regra, quem for mais esperto ganha. E como todo esperto não vacila, ele se garante primeiro para que o adversário-alvo se renda. E se este pedir pinico o esperto nem pensa pra dizer: Próximo pato apaixonado!


Fábio Coelho
(22.12.07)

05:34 da madrugada

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