domingo, 28 de setembro de 2008

80 Anos


Essa é para quem

Acha que a bolacha

Vale mais que o recheio.


E para a minha Teresa

Que além da beleza

Tem sabedoria, creio.


Não interessa se já pecou

Ou se algum dia falou

De algo que não existe.


E se falou alto

com as suas crianças

Não foi por implicâncias

Foi por medo de gastrite.


Vida de dona de casa não é fácil.

Muita gente pensa ser moleza

Mas vocês podem ficar sabendo

Que batalhou muito Dona Teresa.


Muita roupa para lavar

Mas quem manda ter 5 filhos?

Quanta frauda, quanta louça

Quanta comida, haja Sucrilhos!


E Teqinha não parou por aí

Pois seus filhos lhe deram netos.

E ela em visita, em sua casa bonita

Lhes recebe de sorrisos abertos.


A última geração tem muita gente

Tem Tatau, Natan, Bruno e Maísa,

Tem Pedro, Rubens, Maíra e Fábio.

Mas pertos de você não somos nada,

Pois só o tempo torna alguém sábio.


Você fez muita coisa nesse mundo

E nesse mundo muita coisa já mudou.

De repente, em menos de um segundo

A neta mais velha já se casou.


E por tudo isso

Sem vergonha e sem receio

Afirmamos que somos a bolacha

E você, precioso recheio.


Fábio Campos Coelho (2008)

Na hora de enxugar


Depois do banho sempre se tem alguma recepção meio ou muito estranha, que parece vinda de algo natural, que sempre acalma. É uma idéia que se tem, mas não parece ser provocada pela própria mente, e sim pela soma das razões que se toma, reflexões e por último as reparações dos erros. É uma vontade de ficar quieto; e não mais fazer coisas que dão prazer momentâneo. Na verdade é vontade de viver um pouco mais do que se vive, e pronto. Pensa-se em cotidiano, na sorte de cada segundo e depois se quer corrigir algo que não foi feito ainda. Talvez seja pelo efeito de viver sempre a mesma coisa. É tendência de todo ser humano que não se move muito, apesar de muito andar. Mas não se sabe por que é sempre depois do banho. Na hora de enxugar o corpo.

Fábio Coelho (28.09.08)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

UNIVERSITARIO


Por que eu viveria
estudando todo dia
como fazer um fichamento?


Para ter grande diploma
Nunca menos, sempre soma
Diante do conhecimento.


Eu estudava a cultura asteca
Naquele silencio da biblioteca
Já faz tanto tempo que nao vejo o sol.


Enquanto estou no estágio
que é uma forma de trabalho
Pra ganhar o meu dinheiro
O povo no CA joga baralho
Joga sinuca o dia inteiro
ou vai no CO montar time de futebol.


Eu procurava a felicidade
debaixo da cama
mas só achava o dicionário.

E já era fim do ano
quando olhei o calendário
pregado na geladeira.

Pra que quanta conta confusa
Toda terca e quarta-feira
Tem essas coisas, que besteira
Operacoes cheias de X.


É soma do quadrado perfeito
Nunca soube isso direito
É que sem nenhum defeito
Nao há como ser feliz.

Estudamos feito loucos no cursinho
Acordando todo dia bem cedinho
pra passar logo essa horrivel parte.
E agora que somos universitarios
Conseguimos os nossos itnerarios
Vamos acordar um pouco mais tarde.
Fabio Campos (22.09.08)



domingo, 14 de setembro de 2008

Medicina




Essa tal de medicina
É uma menina muito difícil.
Mas todo doutor tem que ter muito amor,
É o seu ofício.O caminho é pequeno,
É fininho, quase sem ar.
É com esforço pleno e caladinho
Que se consegue passar.
Ser médico não é brincadeira
Já dizia professora.
E, além disso, ela dizia
Que bisturi não é tesoura.
O sofrimento é coisa misteriosa,
parece uma agulha de injeção.
Que machuca, causa dor famosa
mas faz bem pro coração.
Olha aquela menina gritando de alegria,
é porque envolve glória.
Pois o grito verdadeiro vem,
um velho dizia, de alguma história.
E quando eu entro no escritório
Por instante olho o sapatinho
Branco, cor da paz.
Eu sinto diferente alegria
Penso em qualquer anestesia,
Dor de cabeça não existe mais.

Fábio Coelho (15.09.08)

Macaco velho


O que ela lê sobre as maiores leis
Aquelas que não foram criadas
Pelos reis, nem pelo garanhão.

Essa mania de fazer filosofia
Que todo mundo pega um dia
Não é à tôa. Ou você acha
Que o empregado não esculacha
Com a patroa?

Não adianta passar gel no cabelo
Ela não olha para a sua aparência
Porque ela gosta de experiência
E se envolve sem querer se envolver.

Se você acha que é bonito demais
Olha aquele homem o tanto que
É sagaz. Ele é tão feio e ela corre atrás.

Toda mulher gosta de alguma estrutura
Onde possa colocar na cintura
Pra sair na praça e se orgulhar
E nem precisa ser moço exemplar.

Não vai provar sua testosterona
Falar demais também nunca funciona
É pelo silencio que ela se apaixona.

Se você acha que aqui não
Há respeito, trate de interpretar direito.
Preste atenção, menina. Pois o empregado
É o homem e a patroa é a rotina.


Fábio Coelho (12.03.08)
01:49 da madrugada!

domingo, 7 de setembro de 2008

Preliminares


Depois de um dia estressante
Com duas aulas de física
E três de matemática
Eu preciso de um calmante.

Chego em casa com pressa
Mas não posso ser um garoto apressado
Ela diz com carinho de neném:
Calma meu bem, devagar é melhor.

O trabalho da rua é diferente do de casa.
Lá o bonificado é quem tem o passo mais apressado.
Aqui em casa é mais engraçado,
Ganha quem demorar mais tempo
Para ficar descontrolado.

Gosto de trabalho, mas também gosto de amor.
Ela é linda e não tem pressa, que menina é essa.
Ela gosta de pintar camisa e jogar malabares.
Mas também é ser humana, ela adora preliminares.

Sempre fui um sujeito rápido, não é culpa minha.
Meu pai me dizia que quem demora é mané.
Mas a calma dela me espanta,
E eu pensava que era santa, Que menina, que mulher!

Descobri o remédio pro cansaço do colégio
Não é maracujá, café, nem televisão.
Não é orixá, picolé, nem meditação.
Agora eu vôo pelos ares.
O remédio é preliminares.

sábado, 6 de setembro de 2008

Individual


O que eu quero dizer
Quando a inspiração já passou
É a mesma coisinha
Infinitamente igual
Ao nada.

Se eu sento pra comer
E penso semelhante
Àquela idéia elegante
Dessas que logo acaba.

Largo logo aquela mesa
E peço que alguma beleza
Me devolva a epifania
Que eu tive naquele dia.

Ela pirraça e demora
Mas ela chega uma hora
E diz: não dá, dão dá.
Agora aproveite a agonia.

E não adianta implorar
A culpa não é minha
O pensamento é só um
Ele aparece e faz zum zum.

Depois de longe dá um tchau
Dizendo em tom celestial
Que o tempo é diferente
Portanto a idéia que se sente
É individual.



Fábio Coelho (05.09.08)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Aluna Luna


A consideração perfeita,
Como também é a compreensão
Das dores sofridas por causa
Da criatura amada
Nasce automaticamente.

A confusão não existe por acaso.
Nesse caso ela nasceu pela vontade
De se conversar de verdade.

Essa vontade também nasce
Sem porquê. Mas o porquê
Nunca nasce sem vontade de nascer.

A hiperatividade, escondida
Por vergonha é como uma cegonha
Que resgata a sorte de quem
Não nasceu para morrer no vazio.

Enquanto muita gente legal
Vive de circunstancia
Imprevisível e improvisada

Surgida do nada, sem motivo
Por que eu não posso
Conhecer alguém significativo?

A necessidade de mostrar
as verdades sobre a verdade mental
nessa sociedade infernal
pode ser hiperatividade.

Mas isso não é problema
O problema é não fazer poema
Quando a raiva ou decepção
Sobre si mesmo vem na contramão
Da rua onde tem feiras de virtudes.

E a sua virtude é não se conformar
Em ter preguiça de pensar.
Mas eu sei que você não agüenta
E sair do beco você tenta,
Não importa se sua cabeça esquenta.

Nessa viagem de vida
Onde a dor é ser só uma, querida,
O mais gostoso é escrever
Só pra ver a nota da redação.

Mas não importa a coesão,
Nem importa a coerência
Tirar nota ruim não faz mal
Só aumenta sua experiência.

O resto quase não tem valor,
E se o tema for amor
Não se preocupe, Luna aluna.
Nesse caso ninguém é professor.


Fábio Coelho (18.03.08)