sexta-feira, 30 de maio de 2008

Carinho


O carinho é, antes de mais nada, aquecimento para continuar a vida, embora toda continuação já tenha muitos aquecimentos. O atrito leve e o mais lento possível precede o sono, e como todo sono precede o sonho, não há por que rejeitá-lo, uma vez que o ser humano realmente é grande sonhador. A perfeição agora existe, quando os cinco dedos entrelaçam com os outros que não sejam os da mesma pessoa, porque o número par é bem mais simpático que o ímpar. O ápice do carinho, quando não é toda sua duração, é a concentração enfocada exclusivamente no arrepio que o tato gera. O carinho, quando se tem mais madureza, satisfaz mais que o próprio sexo, pois esse é resultado sintético de prazer momentâneo e irracional, enquanto aquele é resultado de longa convivência. Sexo é síntese, carinho é decomposição.
Fábio Campos Coelho (30.05.08)

Nenhum comentário: