domingo, 11 de maio de 2008

Até que enfim

O tempo muda, mas o tempo não muda nada.
E nem as palavras que revelam o desejo de desbravar
Alguma coisa que a mata sente, mas a nós não resta.
A mata vive o dia inteiro fora de casa
Porque sua casa é a própria floresta.

Por isso ela não é mimada pela vida,
A sua vida é inerte, sem fragilidade.
A planta é uma coitada, não consegue falar.
Pois se conseguisse, seria tão ridícula,
Como um garoto fora da realidade
Que, mesmo com mágoa, consegue perdoar.

Aquele orvalho é assunto de geografia
É cansaço de fazer fotossíntese.
É a síntese de pensamentos depressivos.
E se tiver espinho, não há problema
Eles são inofensivos.

Quando a gente desmata toda a vegetação
Falando que faz parte o não,
Todo mundo fica parado
E ninguém pede desculpa.

Não é nossa culpa
cortar o medo pela raiz.
Assim, mais no futuro
A gente diz com muito orgulho
que um dia já se foi feliz.

Fábio Campos Coelho (11/05/08)

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