domingo, 20 de março de 2011

O Enredo que está na vizinhança


É preciso tomar cuidado com as pessoas muito caladas. A não ser os tímidos, os que estão nesse grupo falam pouquíssimo não por pudor, ou por falta de assunto. Lorota! Não falam, pois não podem falar o que pensam. Estão pensando algo malicioso, proibido, algo que os outros não podem saber. O calado é mais astuto que o falador. Não que o falador seja bobo, mas ingênuo, puro, sem nada a esconder. Aquele que fala muito joga suas descrições longas para o ar à vontade, porque suas palavras não precisam de medida. É livre de preocupações em termo de seu discurso. O calado não: por saber que aquilo que pensa deve ser oculto pelo silêncio, mede bem as palavras e as troca através do sorriso, da simpatia dissimulada, com meneios de cabeça denotando “sim” até no momento em que não se precisa de tanta disposição. Os perigosos usam mais a cabeça que a língua. A língua é fraca, covarde incompetente, mostra a falsidade. O pensamento não; é aranha dentro do sapato. É preciso prestar atenção no silêncio excessivo. As palavras foram feitas naturais, sinceras. O seu desuso em momento de seu uso inspira que alguma coisa está errada.

Fábio Campos Coelho (19.03.11)

4 comentários:

Alexandre Costa disse...

Muito bom, Fábio.
Gostei do post e do blog, parabéns!
Abraço.

Fatima disse...

Não querendo ser confundida com essas pessoas que ficam silenciosamente pensando em alguma coisa menos simpática, abro as mãos para lhe dizer que gostei MUITO da sua escrita. Passei a segui-lo com atenção.

Fatima disse...

Clicando no botão Blogue seguinte» cheguei até aqui. Julgo que essa pesquisa é aleatória, mas o improvável tem, por vezes, grande probabilidade de acontecer. :)

Fatima disse...

Por onde andam os seus pensamentos, Fábio? Tenho vindo procurá-los quase todos os dias.