É preciso tomar cuidado com as pessoas muito caladas. A não ser os tímidos, os que estão nesse grupo falam pouquíssimo não por pudor, ou por falta de assunto. Lorota! Não falam, pois não podem falar o que pensam. Estão pensando algo malicioso, proibido, algo que os outros não podem saber. O calado é mais astuto que o falador. Não que o falador seja bobo, mas ingênuo, puro, sem nada a esconder. Aquele que fala muito joga suas descrições longas para o ar à vontade, porque suas palavras não precisam de medida. É livre de preocupações em termo de seu discurso. O calado não: por saber que aquilo que pensa deve ser oculto pelo silêncio, mede bem as palavras e as troca através do sorriso, da simpatia dissimulada, com meneios de cabeça denotando “sim” até no momento em que não se precisa de tanta disposição. Os perigosos usam mais a cabeça que a língua. A língua é fraca, covarde incompetente, mostra a falsidade. O pensamento não; é aranha dentro do sapato. É preciso prestar atenção no silêncio excessivo. As palavras foram feitas naturais, sinceras. O seu desuso em momento de seu uso inspira que alguma coisa está errada.
Fábio Campos Coelho (19.03.11)
4 comentários:
Muito bom, Fábio.
Gostei do post e do blog, parabéns!
Abraço.
Não querendo ser confundida com essas pessoas que ficam silenciosamente pensando em alguma coisa menos simpática, abro as mãos para lhe dizer que gostei MUITO da sua escrita. Passei a segui-lo com atenção.
Clicando no botão Blogue seguinte» cheguei até aqui. Julgo que essa pesquisa é aleatória, mas o improvável tem, por vezes, grande probabilidade de acontecer. :)
Por onde andam os seus pensamentos, Fábio? Tenho vindo procurá-los quase todos os dias.
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