sábado, 31 de julho de 2010

A ledice e a Pungência

Não existe o nada sem o tudo
dizia assim o professor dando seu conteúdo
e estava explícito no seu rosto
a precisão de, para todo algo,
seu corresponde oposto.

E só havia aula por causa dessa dicotomia:
essência do saber graduado.
Sem a oposição, o professor dizia,
é inútil o aprendizado.


A ledice grita sua manifestação para quem quiser ouvir
o seu triunfo sobre a pungência,
mesmo com a tenacidade desta.
Assim, todo mundo a ouve:
o feliz e o triste
e todos se encantam com o sorriso convencido da alegria,
em condição de saliência diante da tristeza.

A pungência, vendo a ledice,
em pleno júbilo que designa o alarde da vitória,
se cala em confissão de derrota,
fato intransigente e cruel.
O perdedor deve saber perder
e usar do sobejo a humildade.

Os que estão ao redor, aprendem essa lição,
lição de consolo, porque o mundo ainda é alegre.
O mundo ainda é ledo.
Mas a consternação,
como também existente,
não é passível de transporte a algum lugar patético,
a qualquer ilusão, caminho que não seja penoso.

Então, deixe a pungência chegar, ledice!
Mentira por não haver solução é vitória sua,
porém falsificada.
Tudo tem a sua hora, e o mundo precisa equilibrar-se.
Agora é a vez de a pungência ensiná-la
a ser mais econômica, ledice.

Calma, calma!
Os figurantes são parte essencial de toda novela.

E assim vão a ledice e a pungência,
em harmonia complementar, uma contemplando a outra
e declarando sua gratidão e sentimentos
mais puros e belos possíveis.
Contrariam assim, mediante a lei da natureza humana,
os hábitos e opiniões cristalizadas
pelos próprios homens.

Depois de pensar muito sobre ser alegre e triste,
de ouvir os ensinamentos da ledice e da pungência,
os que estão ao redor se tornam mais plácidos,
em amálgama justa e espontânea dos dois conteúdos
apresentados pela existência de tais alunos
antes aflitos e agora atinados.

A resposta é simples, mas expõe a complexidade
necessária e fulcral para toda existência.
A resposta é complicação torta
que proporciona o equilíbrio,
respondendo com contradição
à contradição inevitável entre
a ledice e a pungência.

Fábio Campos Coelho (meu amor) (31/07/2010)

Um comentário:

Melissa S. disse...

"A ledice grita sua manifestação para quem quiser ouvir
o seu triunfo sobre a pungência,
mesmo com a tenacidade desta."