sábado, 8 de novembro de 2008

Não é do nada



Muito tempo eu quis fazer um texto que atravessasse o século
Mas como Dona Júlia do chapéu me disse um dia
Para conseguir fazer isso só com setenta anos pra cima.

Mas o tempo vazio, com muito espaço para o pensamento
Me fez descobrir que uma idéia boa nasce de um grilo
Com mosquito, a repetição da cuíca
Com seu barulho grave, esquisito
Não tem pré-requisito para falar.

É só parar, ficar em silêncio
Mas também pode ser no meio do bar.
Calma, calma! É normal assustar
Com alguém que tem inspiração
Sem precisar ver as ondas do mar.

Por que os homens da caverna
Eram menos tristes que nós?

Não precisamos ser legais toda hora.
A educação cai bem, eu sei.
Mas a perfeição ajuda
A quebrar a graça de pesquisar
A graça de uma personalidade.

Aquela indireta foi feia,
Você não mede a sua boca
Mas eu também não tive bom senso
E a noite me deliciei
Procurando alguma graça e achei
E antes de dormir eu falei
Que quem não briga
Só mergulha na própria intimidade

O que é felicidade?
Não precisa me entender.
Eu também me reprovo.
Por que não?

Por que não?

Fábio Campos Coelho (08.11.08)

3 comentários:

Juliana Walczuk disse...

Dona Júlia?
Me pergunto se é alguém real...

Lívia de Araújo disse...

"Muito tempo eu quis fazer um texto que atravessasse o século
Mas como Dona Júlia do chapéu me disse um dia
Para conseguir fazer isso só com setenta anos pra cima."

A Mainha-Lívia-Diná prevê um futuro brilhante apra você como escritor =P

Lívia de Araújo disse...

Você que está parecendo um adolescente =P