domingo, 16 de novembro de 2008

Capital Federal

A rotina, a nossa rotina, sua, dela e minha
Mesmo com vida fina merece ser reclamada.
Por que, você me pergunta. Eu não digo nada.
Eu só reparo em algo raro e outro algo fica pra trás.

Volto da festa de arquitetura, vou abrir a porta
A chave emperra na fechadura
E o garoto da república reclama com cara dura
Que horas eu vou chamar o chaveiro.

Espera aí, espera aí. Deixa eu só tomar minha vitamina
Que meu pai com mania de heroína me fala que
Herba life é muito bom. Herba life é muito bom!

Tomo, tomo, tomo com banana, sem tempero.
Não precisa de tempero. Vou pra universidade
Quando me vem uma força com vontade no intestino.
O que é isso menino, que desespero!

Você é mineiro? Não, eu sou goiano.
Eu falo um minuto com candango
Eles percebem o sotaque meio estranho.

Me perguntam se eu sou mineiro
Escutar isso o dia inteiro
Enxe o saco do goiano.

Quando eu vim pra cá meu avô me disse
Um ditado muito sábio:
Olhe, Fábio, cuidado meu netinho,
Sei que você é pentelho.

Mas vou lhe falar como já dizia seu bisavô,
O vô Coelho: "Boi em pasto novo berra como vaca!"
Eu já sei vovô, eu não sou babaca!

A população da capital é até muito legal
Só não gostei daquele povo que reprime
Que considera quase um crime o sotaque
Que tem “r” puxado.
Eu digo, porta, porteira, portão
Mas eu nunca fui ladrão, amiguinho de deputado.

Não liga não, é brincadeirinha
Sou amigo de flamengo,
Apesar de fluminense
Moço do pé rachado, irmão de brasilense.
Eu falo assim porque agora ‘tava’ no pôr do sol
E ‘tô’ um pouco embreagado.

Fábio Coelho (16 de novembro de 2008)

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