
Sou cheio de defeitos e estou numa placidez incrível com isso. A incompletude é que é normal e sempre foi.
O fazer-se deformado tira o indivíduo da falta de graça de ser constante. Aquele que nega seus deslizes e tombos se nega, está mais errado que o erro propriamente dito, o erro comum, do cotidiano.
Essa categoria de pessoa admite qualquer vacilo espécie de atitude proibida de ser praticada, e essa opinião, somente na teoria, volta-se contra seu dono como forma de punição justa, e pior, o dobro de mais grave, a partir do momento em que ele escorregar.
A gravidade nesse caso fica em dose dupla porque quem está no universo contra o qual se pronuncia diz a verdade e faz a mentira, numa contradição hipócrita que se resulta em ser condenado por si mesmo, errando e anunciando que aquilo que afirma está também errado. Tudo que vai e volta é duas vezes.
Erro, mesmo, é ter a ingênua e firme convicção de que quem condena foi feito pra não errar. Ninguém é feito, porém: as pessoas apenas nascem e quem nasce muda e quem muda erra.
Quando penso que tenho imperfeições, fico bem satisfeito, porque lembro que nunca paro. Não importa a direção, o essencial é mudar. As estátuas são corpos de almas perfeitas. São pessoas que atrofiaram a boca porque ficaram caladas por um bom tempo, sempre sempre na delas. Elas hoje se arrependem por não terem cedido ser inconstantes ao seu direito de passear sem sandálias e bússolas em um oceano de ovos.
Nas praças, edifícios e instituições, o povo passa contemplando as estátuas. E elas estão caladinhas. Suas bocas não abrem, não.
Binho (12.11.11)
2 comentários:
Obrigada pelos comentários Fábio, agradeço a tua opinião e sim, sou de Portugal. :)
Em relação a este texto, adoro, é simples e directo e tem uma óptima estrutura! Vou seguir o blogue e vou passando para dar uma vista de olhos! Beijinhos.
Oii tudo bem??? Passei para dizer que gostei muito do seu blog!!! Quando tiver tempo da uma visitadinha no meu?
Blog-www.amoreoutrasdrogas2.blogspot.com
Obrigada!!!
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