quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Quando tudo acalma


E depois disso tudo, desse turbilhão,
tempestade que não dá vez para marinheiro,
eu, quieto aqui, estou mais forte ainda,
em contato com o nada simples.

Os outros envergonhados
nos vêm para mostrar que somos demais,
mais que sempre pensamos ser...
Por que só agora nosso valor se abre para nós?

Temos mágoa, mas temos dó
e a dó encobre a mágoa
como um toldo de límpidos gestos,
como o ouro olha a prata
sem saber por que vale mais.

Mas a mágoa fica,
justificando dar firmeza ao enganado
e fazer com que todo o podre acabe de apodrecer
em sossego
mediante a consciência de nosso valor,
porque na mágoa mora a dó.

Quem me fez mal me deixou melhor
e eu não sei se devo curtir minha poltrona
ou mudar o conceito de tolo,
agradecendo aos mentirosos sofredores
pela sua ingênua função de fazer
cada um descobrir o respectivo brilho latente.

Fábio Campos Coelho (17/02/2011)

Um comentário:

luna disse...

putz! que belo...


"Mas a mágoa fica,
justificando dar firmeza ao enganado
e fazer com que todo o podre acabe de apodrecer
em sossego
mediante a consciência de nosso valor,
porque na mágoa mora a dó.

Quem me fez mal me deixou melhor
e eu não sei se devo curtir minha poltrona
ou mudar o conceito de tolo,
agradecendo aos mentirosos sofredores
pela sua ingênua função de fazer
cada um descobrir o respectivo brilho latente."

adivinha? vai pra minha parede, de canetão rosa pink! hahaha.. lindo demais. me vi aí, nas suas palavras.

t.a., mesmo que o tempo roube você.