terça-feira, 9 de março de 2010

O Amor Amigo


Coitado de mim! E eu pensava que o amor (palavra cujo conceito nem Vênus pode traduzir) tinha um código pedinte de tarimba laboriosa, ou que rogava por um padrão, um parâmetro que só os submersos na flama da paixão carnal estavam autorizados a ter. É que, para mim, garoto com tendência para achar que toda emoção contém razão, o amor sempre demonstrou um tipo de norma, de regra mesmo, daqueles de futebol ou natação, como se fosse obrigatório os cônjuges andaren sempre de mãos dadas e dedos entrelaçados para mostrar aos olhos alheios o compromisso, ou como se o ato de os namorados conversarem com ecxesso de galanteio e educação, indicando falta de intimidade, ultrapassasse a barreira do que seria a "norma do rabicho".
Meu caro amigo, amante de primeira viagem, atente-se, pois aqui lhe digo que as coisas não são bem assim. O amor, como sentimento desatinado em si, precisa de amizade, sim senhor, aquela velha amizade de meninos da quarta série jogando bola no recreio, como cada doente precisa do seu respectivo remédio. A amizade, livre e à vontade, é essencial na relaçãqo dos pombinhos, porque entretém, descontrai, torna mais pueril tal relação, tão difícil de ser levada, em decorrência da seriedade que a envolve, da fragilidade que a impele a não perecer, da precisão de coisa zureta que a faz ser amor natural e lépido. Disso tudo, o amor, quando é amigo, torna-se mel, tirando as rugas acidentais do elo entre amado e amante.
Tolos os namorados intransigentes com a variedade de caráter do próprio relacionamento, que, em virtude do feitio inexorável, privam eles mesmos da liberdade de ser também simples colegas, um do outro, pois ainda têm a deturpada conivcção de que uma construção diga de apreço não pode ter trincas na parede e ausência de luzes de natal na guarita, sem saber que o tijolo precede o edifício, e a amizade, o amor.

Fábio Binho

3 comentários:

Melissa S. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Melissa S. disse...

Num tenho nem palavras bin... já li umas mil vezes e toda vez eu babo! hehe
Eu AMEEEI a foto!
Vc é maravilhoso comigo e, se eu fazer por voce metade do bem que vc me faz, minha cabeça já tá em paz..
mesmo assim, eu quero muito mais!
(eternamente grata) =)

Melissa S. disse...

"Tinha suspirado
Tinha beijado o papel devotamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saia
delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho
lépido
Sentia um acréscimo de estima por sí mesma!
E parecia-lhe que entrava enfim numa existência
superiormente interessante...
Onde cada hora tinha seu intúito diferente
Cada passo conduzia um êxtase...
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações..."

isso na primeira vez.. =)
te amo fabio