Esse silêncio com a mão no queixo
e concentração na coisa mais profunda.
Não me pergunte em quê,
eu também estou na inhaca noturna das feiras.
Esse silêncio, enfim, com o olho fechado,
Mas fechado por poucos segundos.
Ele fecha e abre constantemente,
Conforme o barulho, que não é balbúrdia.
É só barulho, mesmo,
De sai e entra em cada parada.
É um silêncio que desperdiça a simpatia
E comentário do dia
E das coisas de amanhã
Que tem de se fazer,
Tem de se fazer,
Afinal é a dignidade que está em jogo,
e isso é tão sério quanto vigiar os filhos pequenos
que estão na piscina.
Todo mundo está cansado,
Mas ninguém disse que isso é ruim
Porque, na raiz da razão,
Não o é.
Esses corrimãos aéreos,
Quase no teto do metrô dizem:
_Pronto, eu estou aqui trabalhador.
Me segure, que eu te seguro,
Eu sei que você se extenuou muito durante o dia.
E no final todos os passageiros saem,
No escopo do jornal da meia-noite
E de dois travesseiros:
Um para colocar a cabeça
E o outro para abraçar:
Abraçar a satisfação o remanso,
cujo pivô é a consciência de que se move.
Fábio Campos Coelho (30.09.09)
Um comentário:
"Esses corrimãos aéreos,
Quase no teto do metrô dizem:
_Pronto, eu estou aqui trabalhador.
Me segure, que eu te seguro,
Eu sei que você se extenuou muito durante o dia."
Jor, vc é um puta poeta! Impressionante como evoluíu muito, desde que começou a mergulhar no carlos drummond, desde que começou a fazer letras.. enfim, a maturidade! Linda poesia, adoro quando leio algo que deixa meus olhos cheio de lágrimas!
Poesia linda, de categoria, de mérito! Espelho do cotidiano simples, onde se tira poesias de realidades tristes. Amo esse visão poética, adoro essa sensibilidade para perceber as coisas! Meu favorito, sempre!
Te amo, jor
Luninha
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