quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

De mãos dadas


Hoje foi duro, pai

Eu sei que é férias

mas cheguei a ler as trinta páginas

do livro da faculdade

que dificuldade, do enredo

até desfecho: eternidade.


Leitura trabalhosa, pai.

Resolvi fazer graça de pegar matéria com sobral

querendo ser intelectual antes da hora.


Que globalização é essa, pai?

Eu nunca cobrei tanto de mim.

Você fala que cada qual

aqui na terra tem o próprio ofício

mas, pai, é tão difícil, quase sacrifício

aprender numero complexo

Não faz nexo ser tão durão assim.


Ontem teve samba lá no Chopp 10

Mas, pai, bati os pés

e prometi que terminaria o seminário,

fechar o meu fichário

e dormir tranquilo sabendo que

pelo menos naquele dia

eu tive a alegria de não ser vagabundo.


Mas é tanta gente nesse mundo

A Maria, o Raimundo

não descansam um segundo

atentendo interfone mesmo com fome

e vigiando o portão.

Aí eu penso tanto, tonto, tenso:

Será que o prestígio social depende do papel do cidadão?


Fábio Campos (29.01.09)

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