Sento firme, leve, feliz
chega o conforto,
no fundo me sinto morto
não gosto de música assim, consoladora.
Me sento e me sinto bem demais
quando a alegria segura me ataca.
No começo é bom,
mas depois sei que é coisa fraca
boba, banal,
bacana, mas engana, sei que faz mal.
Não sou mais vítima desse bem,
não quero ser quem
fica parado na alegria estática.
Pra que teoria na cabeça?
Eu quero mesmo é prática,
sofrer, amar, temer,
ganhar, perder
para o sempre incerto
reconquistar, pra depois desencanar.
Na manhã seguinte, me aparece
um requinte de mulher,
que me quer mas não quer
e eu entro num abismo necessário
que é uma delícia, pureza e malícia
pro meu itinerário.
Esse vento está me bulindo
e eu nesse indo e vindo
seguindo o fluxo sem direção
de repente estou no paraíso
conhecendo a dor que ensina
e cada vez mais empina
a vontade de ser
discípulo de adão.
Pego o meu desejo e tosto
porque quando gosto, gosto
e aposto que não gosto
não sei o que quero
espero, mas não desespero.
Toda floresta tem um remanso
sem formiga, uma amiga
querendo que eu siga pra lá.
Que vento mais gostoso
que não me deixa parado
eu vou pra cá, pra lá,
em cima, de baixo, do lado
mas quando saio do eixo
é quando estou mais firme.
Sou tronco grosso e valente
o medo é quem se sente
medroso de chegar perto do meu barco.
Agora não tem jeito,
sou dono do mal-feito,
um imperfeito, contradição no peito
sou flecha de qualquer arco.
Fábio Campos Coelho (03.01.11)
2 comentários:
ficou maravilhoso!!
sem palavras..
"porque quando gosto, gosto
e aposto que não gosto
não sei o que quero
espero, mas não desespero."
haha, que lindo, jor!
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