terça-feira, 28 de setembro de 2010

Água da Vida na Face Humana


Antes era somente imaginação,
concessão que não podia ser aceita por pudor.
Seria total ultraje, falta de respeito,
o ponto oposto da amabilidade e delicadeza.

Mas como a brutalidade é chave do estrago
e só o estrago causa a verdadeira saciedade,
Estabeleceu-se a convenção:
a curiosidade promove o desejo
de realizar o mal-bem-feito.

A princesa jamais corrompida
pelo atrevimento do pecado
cansou de ser limpa e agora quer lavar a cara.
Quer se limpar com o sujo, a água da vida!
Por que, então, sujeira? Sujo é não ter nascido.

Que seja feito, porra!
Ela mostra a face e se entrega
para o sujeito praticar o símbolo do domínio
e espécie de humilhação sem vitória nem derrota
que transfere o sentido de superioridade
para tentativa de ultrapassar o limite de prazer.

Não há nada demais! Para com isso!
Isso é o resultado da volúpia na forma concreta
despejado em local de respeito e carinho.
Daí o prazer ultrapassado:
Onde antes não se brincava
hoje se usa, abusa e lambusa.

Fábio Campos Coelho

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